A licitação em conjunto de Santos Dumont e Galeão deve trazer vantagens ao novo operador, com menor custo de administração e sinergias, na avaliação de especialistas. O prazo previsto, porém, segundo semestre de 2023 é fator de preocupação para o setor de turismo e a prefeitura, embora seja visto como corrida contra o tempo no governo.
— No Galeão, já foram feitos muitos investimentos. Para o novo operador isso é uma vantagem. Além disso, o capital privado tem maior poder de barganha com as companhias aéreas e, numa concessão de 30 anos, a operação muito mais barata com dois terminais juntos faz muita diferença — diz Thiago Nykiel, sócio da INFRAWAY, consultoria especializada em infraestrutura.
Retomada de voos
Na prática, diz o especialista, este novo cenário pode significar a atração de mais voos para o Rio, especialmente no Galeão, que tem boa infraestrutura, pós-2023. O Santos Dumont tem capacidade limitada para expansão de voos, lembra Nykiel.
Ele observa, porém, que são as companhias aéreas que fazem a demanda e é o consumidor, em última instância, que determina esse movimento.
Para o secretário municipal de Turismo do Rio, Bruno Kazuhiro, licitar os dois juntos elimina o risco de concorrência predatória, mas o prazo preocupa:
— Se o leilão demorar muito a acontecer, o Rio fica em um limbo regulatório, em que ninguém vai pleitear voos para cá, enquanto aeroportos concorrentes estarão agindo na retomada do turismo.
A presidente da Riotur, Daniela Maia, se queixa do prazo e diz que o tempo é crucial em um momento de retomada do setor pós-pandemia.
— Nossa cidade tem um potencial turístico enorme. O turismo precisa avançar.
O presidente do HotéisRIO, Alfredo Lopes, pondera que o Galeão já vinha operando com menos voos. O terminal responde por 30% dos turistas estrangeiros que visitam o país.
— O Galeão já está prejudicado. Pelo menos, agora tem uma solução e poderá reagir — avalia o presidente do Conselho de Infraestrutura da Firjan, Mauro Viegas.
Fonte: O Globo